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A pesquisa Cinema Brasiliense: gênero e representação investigou como as obras audiovisuais brasilienses têm retratado as mulheres a partir de três eixos temáticos, com diferentes objetos de pesquisa, escopos e metodologias:

Eixo 1: Papéis tradicionais de gênero e sua representação nas obras

Eixo 2: Violência como recurso narrativo (linguagem) pela perspectiva de gênero e raça

Eixo 3: Representatividade e representação de ficha técnica e elenco em relação a gênero, raça e LGBTQIA+

Foram analisadas 20 obras de longa-metragem de ficção (excluindo o gênero experimental) produzidas (ou co-produzidas) por empresas do Distrito Federal, lançadas comercialmente em salas de cinema no Brasil, de 1995 a 2018.

Os principais resultados encontrados foram:

Papéis de Gênero e representação

Foi criado um instrumento de análise da representação dos papéis de gênero, usando medidas de papéis tradicionais de gênero e testes de representação.

  • Os homens são mais representados nas obras.
  • Estereótipos de gênero estão presentes em diferentes níveis, em relação às atividades profissionais e em relação ao arco dramático.
Violência como linguagem

Foi criado um instrumento de análise da representação da violência como linguagem. O instrumento foi construído utilizando o teste de representação Barnett.

  • Os filmes utilizam violência como linguagem por meio de estereótipos vinculados ao gênero e à raça em diferentes níveis.
  • Quando se trata de homens cis com padrão heteronormativo, a violência tende a ser validada.
  • Mais participação feminina corresponde a menos violência.
  • Mulheres trans são mais responsabilizadas quando cometem a violência.
  • Mulheres cis são as que mais sofrem com a violência heteronormativa.
  • Indígenas são retratados como mais violentos, seus atos violentos costumam ser mais justificados, e a violência em torno deles tem grau mais severo.
  • Pretos são mais responsabilizados.
  • Pardos são os que cometem violência mais branda.
Representatividade de ficha técnica e elenco e representação de gênero, raça e LGBTQIA+

Análise de representatividade na equipe técnica e no elenco principal e de representação pela ótica de gênero, raça e LGBTQIA+ a partir das personagens principais do filme, pelo ponto de vista de suas ações e narrativa da história.

  • As fichas técnicas e elencos principais são em sua maioria compostas por homens brancos.
  • O protagonismo masculino branco é o mais frequente nas obras.
  • A representação de mulheres está geralmente vinculada à sexualização e/ou violência.
  • A grande maioria das obras não apresenta representação LGBTQIA+.

A difusão da pesquisa tem como propósito destacar a necessidade de ações que promovam uma maior representatividade e uma representação que evite estereótipos e preconceitos, além de apoiar a avaliação de futuras ações na área.

Com esses resultados sugere-se:
Ampliar o investimento em políticas públicas de pesquisa sobre o audiovisual
Trazer novas perspectivas interseccionais e de diversidade
Aplicar o estudo em mais obras do DF e de outros estados do Brasil
Incentivar políticas públicas vinculadas à ampliação da diversidade nas telas e por trás delas
Este projeto é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal